Ansiedade social
- Alessandra Silveira Andrade

- 20 de jun.
- 2 min de leitura
Você já sentiu aquele desconforto só de pensar em estar num lugar cheio de pessoas? Ou aquela preocupação excessiva com o que os outros vão pensar de você? Isso tem um nome: ansiedade social.
Mas mais do que um nome, é uma experiência diária para muitas pessoas. Não é simplesmente “ser tímido”. É sentir o coração disparar antes de um encontro, ensaiar mentalmente mil vezes uma fala simples numa reunião, ou até evitar encontros e conversas por medo de errar ou ser julgado.
O que acontece na cabeça de quem vive isso?
Imagina uma lente distorcida que faz você se enxergar menor do que realmente é. Uma lente que amplia qualquer possível falha, tropeço ou silêncio constrangedor. É como se um filme estivesse passando dentro da sua mente, com cenas de fracasso e vergonha e você é o personagem principal.
Essa lente cria pensamentos automáticos, que surgem de repente, sem convite, e dizem coisas assim:
“Todo mundo vai perceber que estou nervoso.”
“Se eu errar, vão rir de mim.”
“Vão achar que eu sou estranho.”
Esses pensamentos vão construindo uma história dentro de nós. E, na maioria das vezes, essa história não tem muito a ver com a realidade — mas tem tudo a ver com o medo que a gente carrega.
E o corpo? O corpo responde.
Suor nas mãos.
Tremores.
Coração acelerado.
Falta de ar.
E o desejo quase irresistível de desaparecer dali.
Por isso muitas pessoas acabam evitando situações sociais. Mas quanto mais evitam, mais esse medo cresce, como se fosse alimentado por essa fuga.
Um exemplo prático pra facilitar:
Vamos imaginar a Ana. Ela foi convidada para uma festa. Só de pensar nisso, vem à cabeça: “E se eu ficar sozinha? E se ninguém falar comigo? E se eu falar alguma besteira e todo mundo me olhar estranho?”. Ana, então, decide inventar uma desculpa e não vai. Ela sente um alívio imediato… Mas depois vem aquela frustração, aquele sentimento de estar perdendo coisas importantes da vida por causa desse medo.
Como mudar essa história?
O primeiro passo é perceber que esses pensamentos são hipóteses, não fatos. Será mesmo que todos vão reparar? Será mesmo que as pessoas estão prestando atenção em cada movimento seu? Muitas vezes estamos presos dentro do nosso próprio julgamento, e não no julgamento dos outros.
Outra coisa importante: quanto mais você se expõe, mesmo que devagarinho, mais o medo vai diminuindo. É como aprender a nadar entrando primeiro com os pés na água, depois até a cintura, até perceber que você dá conta de mergulhar.
E, claro, tudo isso pode ser feito com ajuda profissional, porque ninguém precisa enfrentar esses medos sozinho. Com cuidado, respeito e estratégias certas, é possível virar essa página.
No fundo, a ansiedade social é o medo de ser visto. Mas o que a vida quer de nós é justamente o contrário: que a gente se permita aparecer, mesmo imperfeito, mesmo com medo... porque viver é, também, se deixar ser visto.






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