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Estar sozinho não é o mesmo que estar abandonado

  • Foto do escritor: Alessandra Silveira Andrade
    Alessandra Silveira Andrade
  • 8 de jul.
  • 2 min de leitura


Em alguns momentos da vida, principalmente quando atravessamos crises ou encerramos ciclos importantes, é comum que sentimentos de solidão apareçam com força.

Às vezes, ficamos em silêncio no quarto e surge aquela sensação no peito: "fui deixada", "ninguém está aqui por mim", "eu estou sozinha no mundo".

Mas será que estar sozinho é o mesmo que estar abandonado?


É importante fazer essa distinção, porque quando essas experiências se confundem, nossa dor se amplia — e, muitas vezes, injustamente.


Sentir-se abandonado toca feridas antigas, geralmente relacionadas à forma como fomos cuidados (ou não) no passado. Isso pode acionar medos primitivos, como o medo de não sermos amáveis, de não sermos suficientes, ou até mesmo de sermos esquecidos.

Já a solidão, por outro lado, pode ser uma experiência real, presente, mas que não necessariamente carrega esse peso emocional de rejeição ou descuido.


Estar sozinho é um estado.

Sentir-se abandonado é uma interpretação emocional desse estado — muitas vezes influenciada por histórias antigas, traumas ou inseguranças.


Por isso, cultivar autonomia emocional é um passo essencial para amadurecer afetivamente.

E atenção: ter autonomia emocional não significa não precisar de ninguém, não sentir saudade ou não se afetar com as ausências.

Não é sobre endurecer ou se tornar “independente demais”. Pelo contrário — é justamente aprender a viver os afetos sem se quebrar por inteiro quando eles nos escapam.


Autonomia emocional é poder dizer:

"Eu sinto sua falta, mas continuo inteiro mesmo assim."

"Isso me machuca, mas não me destrói."

"Estou sozinho agora, mas não estou abandonado por mim."


Esse tipo de segurança nasce da relação que desenvolvemos com nós mesmos. Quando conseguimos nos acolher com respeito, validar o que sentimos sem julgamento e cuidar de nós com carinho, é como se construíssemos uma base interna firme — um lugar seguro dentro da gente.


Com o tempo, passamos a perceber que vínculos não são cordas que nos prendem, nem garantias de presença eterna. Eles são encontros, trocas, pontes. E por mais que a ausência do outro doa às vezes, saber que não estamos desamparados por nós mesmos muda tudo.


Se você se percebe com frequência sentindo-se abandonado, mesmo em situações em que há apenas distância ou desencontro temporário, talvez seja o momento de olhar com mais cuidado para essas emoções.

Você pode se perguntar:

– O que exatamente estou sentindo agora?

– Essa sensação é nova ou familiar?

– Há algo no passado que se parece com isso?

– O que eu gostaria de ouvir ou receber agora?


A terapia pode ajudar muito nesse processo de diferenciação e cuidado. Porque aprender a estar consigo mesmo, sem solidão interna, é uma das formas mais profundas de cura... Não se trata de abrir mão do outro. Mas de aprender a ser presença para si.


Alessandra Andrade | Psicóloga Clínica | CRP 12/27539 Contato: (48) 99648-2612



 
 
 

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