Eu amo ser psicoterapeuta
- Alessandra Silveira Andrade

- 9 de jul.
- 3 min de leitura
Oi... aqui sou eu, Alessandra, a psicóloga clínica que vez ou outra escreve no blog (aliás, eu sempre gostei de escrever em blogs, acho que me ajuda a (des)construir muitas coisas.
Hoje decidi fazer algo um pouco diferente: ao invés de ser um post "informativo" ou poético, gostaria de falar de mim, de me apresentar, de dizer por quais motivos quis me tornar psicoterapeuta.
Acho que se eu for falar deeeesde o começo, esse texto será longo demais... mas, sabe? Acho que vou me arriscar a falar (ou melhor, escrever), pois assim você que está lendo pode se aproximar um pouco mais da minha história e se deixar permitir navegar por ela.
Eu tenho uma irmã gêmea comigo e um irmão mais velho. Meus pais atualmente são separados, mas vivi muuuuitos incríveis anos com os dois - acho que eles começaram a trilhar caminhos diferentes e não fez mais sentido caminharem juntos. Separação é sempre meio traumático, né? Mas não é sobre isso que quero falar.
Tenho/tive avós (dois já faleceram) que me ensinaram - sobretudo - sobre o amor.
É.
O amor.
Mas eu vim reconhecer mesmo o amor "depois de grande" e não enquanto criança.
Doeu muito sentir o que senti. Às vezes eu acho que coloquei um pézinho no "inferno da vida" para interpretar o que era esse amor que sentiam, que não era exatamente como eu queria naquele momento.
Explico melhor:
Meu pai esses dias me disse três palavrinhas de maneira espontânea: "eu te amo". E eu me senti amada.
Aí fui me recordando de outros momentos em que me senti essa menina amada, especialmente quando meu avô já falecido, o seu Darci (vô xixi) me deixava observá-lo na venda... eu lembro que ele cortava a mortadela naqueles fatiadores antigos, sabe? (Ele não deixava a gente cortar, porque era meio perigoso - amor)... Aí ele pesava as fatias, colocava dentro de um saquinho e escrevia nas etiquetas o valor, e aí ele deixava eu colar as etiquetas em cada saquinho e eu fazia aquilo com tanto gosto! Eu adorava! Eu me sentia amada, útil, valorizada. Parece que ao pensar nisso eu lembro da voz dele nos ouvidos "Alessandroca cabeça de massaroca".
Mais tarde, foi ele quem me ensinou a dirigir e enquanto estávamos no carro, ele me contava histórias antigas. Eu sinto tanta saudade!
Aí agora vocês me perguntam: "o assunto não era sobre por que se tornou psicoterapeuta?" - é sim.
Eu me tornei por isso... porque eu sei que mesmo nas histórias mais difíceis, mesmo em meio a interpretações errôneas ou deturpadas que fazemos de nós mesmos e/ou dos outros, e mesmo em meio a desafetos, podem existir afetos. Existe alguém em que podemos confiar. Existe luz no final do túnel. E eu não falo isso só por conta das teorias que aprendi na faculdade, mas muito pelo que vivi na pele, em terapia.
Eu escolhi ser psicoterapeuta porque eu sei que o amor nos fortalece e ele acontece em detalhes, em momentos, em olhares, em conversas, em trocas significativas, em escuta ativa.
Eu escolhi ser psicoterapeuta porque eu sei que a dor é muitas vezes inevitável, mas ela pode ser aliviada, acolhida, validada e ressignificada.
Aos que me lêem por aqui, eu digo algo: se deixem levar pelo amor e interpretem a vida com amor.
Algumas vezes é mais dificil, mas não é impossível.
Com carinho,
Alê.






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