Uma carta para quem deseja ser acolhido/a

Se você está lendo isso em meio a um daqueles dias em que levantar da cama já parece uma batalha... eu quero te dizer que essa carta é para você.

Escrevo sem prometer soluções mágicas. Porque sei, e talvez você também saiba, que a tristeza não se desfaz com conselhos prontos nem com frases de efeito. A tristeza muitas vezes silencia a música, embassa as cores e rouba o gosto daquilo que um dia te fazia sorrir. Sei disso. E ainda assim, me atrevo a escrever. Porque mesmo no breu, ainda existe um fio de luz. E às vezes, é só disso que a gente precisa: um pequeno fio para se segurar.

Quero te lembrar — com toda a delicadeza possível — que você não é o que sente. A tristeza pode estar aí, o cansaço pode te acompanhar como uma sombra, mas você não é a sua dor. Você é quem sente. E quem sente, vive. Quem sente, existe. E isso significa que ainda há caminhos.

Você pode não ter ânimo agora. E tudo bem. Mas se conseguir dar um passo pequeno, como por exemplo levantar, tomar um banho, mandar uma mensagem, pedir ajuda, já é muito!

Se hoje for só sobre respirar e esperar o dia passar, que seja. Mas amanhã, quem sabe, talvez você consiga abrir a janela. Depois de amanhã, quem sabe, dar uma volta no quarteirão. E um dia, sem saber exatamente como, você pode acabar sorrindo de novo. Não porque a dor deixou de existir, mas porque você aprendeu a caminhar com ela, sem deixar que ela te paralise por completo.

E quando a sua mente disser: “não tem jeito”, “você não vai sair dessa” ou “você é um peso”, lembre-se: isso é a tristeza falando, não a sua verdade.

Você tem valor. Você faz falta. Você é insubstituível.

E mesmo que hoje tudo pareça em ruínas, eu te digo: há sementes escondidas sob os escombros. Há vida aí dentro. Há esperança onde há você.

Se precisar de ajuda, peça. Se não souber por onde começar, tudo bem. Mas comece. Por você. Não porque você tem que provar algo ao mundo, mas porque a sua existência já é prova de força.

Eu acredito em você.

Com cuidado e afeto,

Alguém que acredita na potência do recomeço.